82ª Noite do Oscar

82ª Noite do Oscar

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Vamos começar pelo final?
“Guerra ao terror” levou seis das suas nove indicações.
Um tremendo sucesso para Kathryn Bigelow, a primeira mulher a ganhar um Oscar de direção.
Barbra Streisand, adivinhando o resultado só aceitou entregar o prêmio por causa disso.
Bonita, forte, em um vestido simples e sem jóias ofuscantes, essa talentosa mulher subiu ao palco do Oscar para agradecer o prêmio visivelmente emocionada. Foi aplaudida de pé com palmas e gritos de alegria. Dedicou seu prêmio aos militares que arriscam sua vida todos os dias e pediu que eles voltassem sãos e salvos para casa.
E quando Tom Hanks anuncia o melhor filme do ano, ela volta ao microfone, agora mais trêmula e diz que também dedica seu filme aos bombeiros, equipes de emergência, enfim todos aqueles que nos socorrem nos momentos em que precisamos de ajuda.
Bela vitória para um filme de baixo orçamento que só começou a ser visto pelas plateias do mundo todo quando começou a ganhar prêmios. E foi uma enxurrada que culminou com os Oscars de melhor filme, melhor direção, melhor roteiro original, melhor edição, melhor edição de som, melhor efeitos sonoros.
“Avatar” de James Cameron, que já foi marido de Kathryn Bigelow, o outro filme que conseguiu nove indicações, ficou com três: melhor fotografia, melhor direção de arte, melhor efeitos visuais. Foram prêmios merecidos.
Essa guerra de bastidores foi na verdade vencida pelo cinema, a arte que tanto inclui vencedores de bilheteria como pequenos filmes de autor.
Enquanto Bigelow faz a gente se sentir mal na cadeira do cinema tanto é real a sensação de opressão e medo que o filme dela passa, Cameron maravilha o nosso olhar e nos faz escapar da realidade do planeta Terra para torcer pelos seres azuis de Pandora ameaçados pela ganância dos mercenários humanos.
Uma coisa os dois filmes tem em comum: falam da paz enquanto encenam a guerra.
Tanto o povo iraquiano quanto os Na’avi de Pandora lutam por sua terra, querendo expulsar um inimigo invasor. Nesse sentido os dois filmes têm uma mensagem pacifista, que é a que melhor combina com uma postura contemporânea.
A melhor atriz foi Sandra Bullock pelo filme “Um sonho possível”. É seu primeiro Oscar e aos 40 anos foi indicada pela primeira vez.
O engraçado foi que na véspera ela recebeu o prêmio Framboesa de Ouro que é dado à pior atriz do ano por sua atuação em “Maluca paixão”.
O melhor ator foi Jeff Bridges por “Coração louco”. Venceu o favorito, tantas vezes indicado e que nunca tinha levado um Oscar para a casa. O filme ganhou ainda o Oscar para a melhor canção original.
“Preciosa” ganhou dois Oscar: melhor roteiro adaptado e melhor atriz coadjuvante. Mo’Nique que faz a mãe monstruosa no filme ganhou todos os prêmios do ano por sua fabulosa interpretação. Era a favorita.
“Bastardos inglórios” ganhou um Oscar que foi para o favorito ao prêmio de melhor ator coadjuvante, Christoph Waltz, que interpretou com talento o infame “caçador de judeus”.
“Up-altas aventuras” da Disney levou dois Oscars: melhor animação e melhor trilha sonora original.
“Young Victoria” que ainda não vimos no Brasil ganhou o Oscar de melhor figurino.
E o prêmio de melhor filme estrangeiro foi uma das únicas verdadeiras surpresas do Oscar. O filme argentino “O segredo dos seus olhos” levou a melhor sobre o favorito de todas as listas “A fita branca”.
Quanto à cerimônia em si foi bem austera. Claro que havia os inevitáveis cristais, luzes e lustres. Mas nesse ano o foco foi mais sobre os atores e atrizes que fazem cinema do que um espetáculo como em outros anos passados.
Na abertura homens de fraque e mulheres seminuas com leques de plumas tipo Lido de Paris fizeram fundo para a chegada de Steve Martin e Alec Baldwin que desceram do teto. Mas foi só.
A maior novidade foi colocar os indicados nas primeiras filas o que propiciou à câmara focalizar todas as expressões enquanto os mestres de cerimônia faziam gracinhas com eles.
Meryl Streep foi a que se saiu melhor, rindo das piadinhas que brincavam com o fato dela ter sido a mais indicada ao Oscar e também a que mais perdeu. George Clooney fazia caras de enfado.
Houve um número de dança com 70 dançarinos e alguns bons “street dancers”. Mas o figurino era de dar dó.
No mais algumas atrizes estavam bem bonitas, outras elegantes e nenhuma destoou completamente. Aliás quase todas, menos Meryl Streep (de branco e mangas longas), usaram tomara-que-caia nas cores dourado,cinza ou rosa cor de carne.
Sandra Bullock vestiu Marquesa dourado, Helen Mirren estava de lilás Bagdley Mishka, Jennifer Lopez usava um Armani imponente de brocado lilás com cauda longa, Sarah Jessica Parker (mais magra do que nunca) desfilou Chanel amarelo com flores prateadas delineando o decote e Kate Winslet escolheu um Saint Laurent cinza prata.
Ano que vem tem mais.

Quem vai ganhar o Oscar de melhor ator?

Quem vai ganhar o Oscar de melhor ator?

A premiação para o Oscar de melhor ator está muito difícil de adivinhar. E isso porque os filmes deste ano ofereceram excelentes papéis masculinos.
Jeffrey Bridges é apontado como o favorito por alguns desde que ganhou o Globo de Ouro que, às vezes, antecipa o resultado do Oscar.
Em “Coração louco” há uma oportunidade para esse ator de tantos bons filmes, e nunca premiado, mostrar com talento a capacidade de recuperação de seu personagem, um cantor de música “country” decadente e alcoólatra.
Dizem que a Academia, que conta com 5.777 votantes, adora premiar esse tipo de papel, se bem que no ano passado isso não funcionou para Mickey Rourke em “O lutador”.
Outro que buscou um papel sob medida para o Oscar foi o galã bonitinho George Clooney. Em “Amor sem escalas”* ele tem a chance de brilhar na pele do antipático e frio executivo que demite pessoas como quem faz um favor ao desempregado.
Clooney já ganhou um Oscar como ator coadjuvante em 2005 por “Siriana”.
Morgan Freeman é o único da lista que já foi indicado duas vezes como melhor ator por “Conduzindo Miss Daisy” em 1989 e “Um sonho de liberdade” em 1994. Não levou e seu único Oscar foi como ator coadjuvante em “Menina de ouro” em 2005.
Se ganhar nesse ano o Oscar de melhor ator será também uma vitória para Clint Eastwood que teve seu filme “Invictus”** excluído da lista dos melhores do ano.
Morgan Freeman criou um Nelson Mandela para ficar na história do cinema, comovendo e inspirando plateias no mundo inteiro. É um forte concorrente ao Oscar de melhor ator do ano. Torço por ele.
Correndo por fora tem Colin Firth em sua primeira indicação ao Oscar. Lembremos que ele ganhou o Bafta inglês e o prêmio de melhor ator no Festival de Cannes.
Dirigido por Tom Ford em “Direito de amar”, incarna o professor mais velho que perde o companheiro e passa por um doloroso processo de luto. Comove e transpira dignidade. Também pode surpreender e levar o Oscar.
Finalmente tem no páreo Jeremy Renner, o “especialista” do filme “Guerra ao terror”***, de Katryn Bigelow, que pode ser que leve mais prêmios para casa do que qualquer outro diretor na cerimônia de amanhã.
Como viram, está mesmo difícil de dar um palpite. Mas quem quer que ganhe o Oscar de melhor ator vai brilhar em um grupo seleto de atores de primeiríssimo time.